sábado, 31 de março de 2012

TRIBUNAL DE JUSTIÇA AFASTA JUIZ

Tribunal de Justiça afasta de vara juiz que beneficiou político 

Juiz Flávio Pimentel de Lemos Filho não dará mais expediente da Vara Única de Itatiaia

RIO - A partir de segunda-feira, o juiz Flávio Pimentel de Lemos Filho não dará mais expediente da Vara Única de Itatiaia, cidade do Vale do Paraíba a 183 quilômetros da capital. Em ato publicado no Diário Oficial, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro formalizará a substituição do magistrado. Reportagem publicada pelo GLOBO, no domingo passado, sobre o baixo número de condenações no estado em casos de corrupção, revelou que Pimentel valeu-se de tese jurídica duvidosa para julgar extintas, sem análise do mérito, 17 das 23 ações de improbidade movidas pelo Ministério Público contra o ex-prefeito de Itatiaia Almir Dumay (1997-2004). Pimentel é o segundo juiz citado na reportagem a perder o comando de uma vara judicial. Na segunda-feira passada, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio decidiu, por unanimidade, instaurar processo administrativo disciplinar contra o juiz Rafael de Oliveira Fonseca, titular da Vara Única da Comarca de Mangaratiba. Na condição de juiz de Itaguaí, ele teria absolvido em tempo recorde o prefeito da cidade, Carlos Busatto Júnior, o Charlinho, que respondia pela contratação ilegal de um jornal. Para apressar o processo, o juiz chegou a mandar um oficial ao MP fora do expediente e negou pedidos de produção de provas apresentados pelos promotores.
Flávio Pimentel, que era juiz substituto em Itatiaia E permanecerá a frente da 1 Vara Cível de Volta Redonda, disse que afastamento foi providenciado a seu pedido:
— Disse ao presidente do TJ (Manoel Alberto Rebelo dos Santos) que queria sair para que ele possa apurar se houve irregularidade. Não quero ser acusado de limpar as provas.
O juiz, que teve a vara de Volta Redonda inspecionada na quinta-feira pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), reconheceu que pode ter usado “uma tese questionável” para extinguir os processos contra o ex-prefeito de Itatiaia, mas garante que agiu por convicção e não para favorecer um político amigo:
— O CNJ não pode me impor uma convicção jurídica. Amanhã ou depois, ele vai querer julgar os meus casos. Essa imposição acaba com o estado de direito. Se há erro, que a minha decisão seja reformada nas instâncias de recurso.
No caso de Pimentel, o CNJ apura se o juiz usou critérios diferentes para julgar políticos da região onde atua. A Corregedoria está no Rio, desde segunda-feira, para cumprir também uma inspeção extraordinária. O presidente do TJ, desembargador Manuel Alberto, informou que a equipe do CNJ recebeu ontem os dados referente às folhas de pagamento de desembargadores, juízes e serventuários da Justiça, num total de 16 mil pessoas. A inspeção em campo deveria terminar ontem, mas o Conselho resolveu ampliá-la por mais uma semana para cumprir todos os objetivos.

FONTE: JORNAL O GLOBO

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