segunda-feira, 26 de setembro de 2011

GENTILEZA GERA GENTILEZA




No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano“, o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo, neste incêndio morreram mais de 500 pessoas . Neste fatídico dia, o empresário José Daltrino, 44 anos, pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo, passou a consolar as pessoas e ajudar no que pudesse. Aquela foi sua morada por quatro longos anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras “Agradecido” e “Gentileza”. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido“, ou simplesmente “Profeta Gentileza”.No decorrer do tempo tornou-se andarilho e encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.

Foi aí, então, que surgiu o profeta Gentileza

Muitos cariocas devem se lembrar da figura de Jose Daltrino: cabelos e barba longos, vestindo uma bata branca com apliques cheios de mensagens e levando na mão um estandarte com dizeres em vermelho.

Crítica do Mundo

Durante 35 anos, ele percorreu toda a cidade, viajou nas barcas Rio-Niterói, entrou em trens e ônibus para fazer a sua pregação e oferecer flores a todas as pessoas. Seu lema era “gentileza gera gentileza”.
Ele pintou as 55 pilastras do movimentado Viaduto do Gasômetro com inscrições propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar de nossa civilização.
Foi pioneiro em denunciar ameaças à natureza e pregou o “AMORRR” (ele tinha um modo peculiar de escrever) e a gentileza como salvação do mundo.
Após sua morte em 1996, os textos foram cobertos de tinta cinza por ordem da prefeitura, o que gerou protestos da população.
Hoje, recuperado pela Universidade Federal Fluminense e registrado em CD-Rom, o grafismo do Profeta Gentileza é patrimônio artístico-cultural do Rio de Janeiro.


Espírito para Deus
Gentileza tinha sua própria linguagem, por exemplo, o capitalismo (tido por ele como o mal do mundo) era chamado de “capeta-lismo”.
Aos que o chamavam de louco, respondia: “Sou louco para te amar e maluco para te salvar”. E se um incauto tentava lhe dar esmola, ele a recusava, sorrindo:
“Eu não quero seu dinheiro, meu filho, quero muito mais: quero seu espírito para Deus”.
José Daltrino é lembrado na música Gentileza, de Marisa Monte, e foi personagem da novela Caminho das Índias, interpretado pelo ator Paulo José.
Eis uma mensagem do Profeta Gentileza.


A natureza não vende terra,
a natureza não cobra pra dar alimentação para nós.
Esse dia lindo,
essa luz que está em cima de nós, a nossa vida,
ou seja, vem do mundo, é de graça,
é Deus nosso Pai que dá.
Agora o capeta do homem que é o capitalismo, é que vende tudo, destrói tudo,
destruindo a própria humanidade.
Capeta vem de origem capital.
É o vil metal
Faz o diabo, demônio marginal.
Por esse motivo, a humanidade vive mal.
Mal de situação,
mau de maldade,
porque o capitalismo é falsidade,
o pranto de toda a maldade,
raiz de toda a perversidade do mundo.
É o dinheiro.
O dinheiro destrói a mente da humanidade.
O dinheiro coloca a humanidade surdo.
O dinheiro destrói o amor.
O dinheiro cega.
O dinheiro mata.
Todo dia você lê jornal, ouve rádio,
televisão, só vê barbaridade:
é crime, é assalto, é sequestro, é vício, nudez, devassidão, fome e guerra.
Vai ver qual é a causa:
capitalismo.


2 comentários:

  1. Tive o prazer de ver Gentileza todos os dias quando ia de manhã trabalhar (de Nova Iguaçu p/o Rio) e passava de ônibus em frente a Rodoviária Novo Rio. Salve Gentilezza!!!
    Marquinhos Oliveira
    O Sambista da Montanha

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  2. A frase é boa, a idéia é boa... Mas o Gentileza era misógino...

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